Romina Barreto Sampaio Neovascularização retiniana induzida por fração angiogênica derivada do látex: modelo experimental em coelhos. Ribeirão Preto, 2007. Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP – Área de concentração: oftalmologia. Orientador: Jorge, Rodrigo. 1. Angiogênese. 2. Doenças vasculares da retina. 3. Fator de crescimento vascular endotelial. 4. Látex. 5. Modelo experimental. 6. Neovascularização. 7. Sistema de liberação lenta. RESUMO O objetivo do estudo foi desenvolver um modelo experimental de neovascularização retiniana em coelhos utilizando, como fator angiogênico, uma fração purificada derivada do látex natural (FAL). A FAL foi encapsulada em microesferas de polímeros derivados dos ácidos lático e glicólico (PLGA), formando um sistema de liberação lenta do fator, e introduzido no olho direito de cada animal através da injeção intravítrea de 0,1ml da solução. Foram utilizados 32 coelhos albinos da raça Nova Zelândia, separados em 4 grupos de 8 animais. Os grupos I, II e III receberam microesferas contendo a FAL nas quantidades específicas de 10μg, 30μg e 50μg, respectivamente, e o grupo IV recebeu microesferas sem a fração angiogênica (grupo controle). Acompanhamento semanal dos animais com os exames de oftalmoscopia e angiografia fluoresceínica foi realizado, quando então se procedeu a enucleação na 4a semana para estudo histopatológico. Todos os olhos do grupo I demonstraram aumento da tortuosidade vascular, associado a alterações telangiectásicas e hemorragias puntiformes 14 dias após a injeção, mantendo-se até a 4a semana, porém sem a presença de neovasos. Os do grupo II apresentaram alterações vasculares semelhantes às do grupo I, sendo que cinqüenta por cento deste grupo desenvolveu neovascularização retiniana, verificada à angiografia 21 dias após a injeção, evoluindo com tração fibrovascular no 28o dia. Todos os animais do grupo III apresentaram acentuada tortuosidade vascular e neovasos retinianos a partir da 2a semana do estudo, progredindo para tração fibrovascular e descolamento tracional da retina. Não foram observadas alterações vasculares ou neovasos nos olhos do grupo IV. O estudo histopatológico do tecido retiniano confirmou a presença de neovasos nos grupos II e III, previamente demonstrados no exame de angiografia fluoresceínica, não observados no grupo controle. Os resultados mostraram que a injeção intravítrea de 30μg e de 50μg da fração angiogênica derivada do látex natural (FAL) foi capaz de induzir a formação de neovasos em retina de coelhos. A relevância desse trabalho foi o desenvolvimento de um modelo de neovascularização retiniana simples, utilizando-se uma droga barata, facilmente encontrada na natureza: o látex de seringueira. Palavras-chaves: angiogênese; doenças vasculares da retina; fator de crescimento vascular endotelial; látex; modelo experimental; neovascularização; sistema de liberação lenta. ABSTRACT The purpose of this study was to create a retinal neovascularization experimental model in rabbit using intravitreal injections of a latex-derived angiogenic fraction (LAF). LAF was encapsulated in PLGA (L-lactide-co-glycolide) microspheres, and injected intravitreally in the rabbits’ right eyes. Thirty-two albino New Zealand rabbits, divided in 4 groups of 8 animals, were enrolled in this study. Group I, II and III received microspheres with 10μg, 30μg and 50μg of LAF, respectively, and group IV received 0,1 ml of microspheres without the angiogenic factor. Weekly follow-up with ophthalmoscopy and fluorescein angiography was performed, when the rabbits were sacrificed in the 4th week and their eyes processed for light microscopy. All eyes from group I demonstrated retinal vascular tortuosity, associated with micro-hemorrhages, observed 14 days after injection, maintained for 28 days, otherwise without new vessels presence. All group II eyes showed vascular changes similar to group I. Fifty per cent of the eyes from group II rabbits developed retinal neovascularization 21 days after injection. All eyes from group III demonstrated important vascular tortuosity and retinal new vessels 2 weeks after injection, progressing to fibrovascular proliferation and tractional retinal detachment. No vascular changes or retinal new vessels were observed in group IV eyes. Light microscopy confirmed new vessels previously seen on fluorescein angiography, in retinal sections adjacent to the optic disc, not observed in sections at the same area in control group. Our findings showed that 30 and 50μg of latex angiogenic factor injected in the vitreous induced experimental retinal neovascularization in rabbits. The relevance of this study was the development of a simple retinal neovascularization model, using an inexpensive drug, easily found in nature: latex from rubber tree. Key-Words: angiogenesis; experimental model; latex; neovascularization; retinal vascular diseases; sustained release system; vascular endothelial growth factor (VEGF).